Envelheça com sabedoria: cultive a Criança Divina e a Velha Sábia que existem em você
- Isabela Lisboa
- 29 de jan.
- 3 min de leitura
Envelhecer é um processo natural da vida, mas, para muitas mulheres, este caminho é carregado de desafios tanto físicos quanto emocionais. As transformações hormonais da menopausa, por exemplo, são apenas uma parte das mudanças que impactam diretamente nosso corpo e nossa percepção sobre o mundo e sobre nós mesmas.
Se na primeira fase da vida estamos voltadas o para o mundo externo, para as conquistas profissionais e sexuais, é na segunda metade que somos chamadas a voltarmos para dentro. E aqui entra o grande desafio: como voltarmos a nossa essência, em uma sociedade que nos cobra tanta produtividade?
No entanto, é possível enfrentar esse momento com serenidade e autoconhecimento, utilizando ferramentas para uma vivência mais plena e equilibrada.
A Criança Divina e a Velha Sábia: duas faces do feminino
Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, destacou a influência dos arquétipos como expressões do inconsciente coletivo que moldam nossos comportamentos, emoções e relação com o mundo. No processo de envelhecimento, dois arquétipos desempenham um papel essencial para uma transição equilibrada e significativa: a Criança Divina e a Velha Sábia.
A Criança Divina simboliza a criatividade, o entusiasmo e a capacidade de se reinventar. Quando equilibrado, esse arquétipo nos impulsiona a experimentar a vida com leveza e vitalidade. Por outro lado, em sua versão negativa, conhecida como Puella ou Criança Eterna, pode levar à infantilização, dificultando o enfrentamento das realidades e responsabilidades que o envelhecimento traz.
Já a Velha Sábia representa a experiência, o discernimento e a conexão profunda com o que realmente importa, nos convidando à reflexão, ao amadurecimento e às realizações da vida adulta. No entanto, quando este arquétipo predomina em seu aspecto negativo, conhecida como a Velha Rainha, pode gerar rigidez, pessimismo e uma postura de isolamento e frustração nos transformando, muitas vezes, na "velha rabugenta". E você não deseja isso, não é mesmo?
Integrar esses dois arquétipos permite a construção de uma identidade rica, onde alegria e maturidade convivem harmoniosamente. Este é o caminho para um envelhecimento saudável e pleno.
Lidando com as mudanças: ferramentas práticas
A terapia baseada na psicologia analítica oferece uma jornada para acolher o processo de envelhecer e vivê-lo com mais significação. Algumas ferramentas fundamentais incluem:
Autoconhecimento por meio da exploração de sonhos: Os sonhos são uma porta para o inconsciente, revelando desejos, medos e conflitos internos. Compreender as mensagens ocultas em seus sonhos pode ajudar na reconciliação entre as facetas juvenis e maduras de sua personalidade.
Reconexão com propósitos de vida: Ao longo do envelhecimento, muitas mulheres se desconectam de seus sonhos, vontades e desejos ou sentem que perderam relevância no mundo. Resgatar propósitos, mesmo em pequenos projetos, promove um sentimento renovado de vitalidade.
Resiliência Emocional: Aprender a aceitar as limitações que o tempo impõe é um ato de coragem. Trabalhar as emoções relacionadas à perda e à transitoriedade possibilita vivenciar os desafios do envelhecimento com mais serenidade.
Fortalecimento de Vínculos: Relações autênticas são fundamentais para manter o sentido de pertencimento e evitar o isolamento tão comum na maturidade.
Envelhecer sem rótulos: uma nova perspectiva
Ao buscar a integração entre a Criança Divina e a Velha Sábia, evitamos os extremos de buscar a “eterna juventude” ou cair no peso de uma velhice amargurada. Envelhecer é uma experiência transformadora, repleta de sabedoria e oportunidades para nos conectarmos ainda mais com quem somos.
Na terapia, exploramos como você pode navegar por esse caminho único de autodescoberta, aceitando as fases da vida com gratidão e leveza. Transformando o envelhecimento em uma experiência enriquecedora, onde seu bem-estar e saúde mental estão no centro do processo.
Comentários