Coragem é reconhecer a própria sombra
- Isabela Lisboa
- 17 de fev.
- 3 min de leitura

Já parou para pensar que aquilo que você mais rejeita em si mesma pode ser a chave para o seu crescimento? Pois é, a coragem de olhar para as nossas sombras — aquelas partes que escondemos até de nós mesmas — é um passo fundamental para nos tornarmos quem realmente somos. Carl Jung, o pai da psicologia analítica, nos ensinou que a sombra faz parte do nosso Inconsciente Pessoal e carrega aspectos que reprimimos, negamos ou simplesmente não queremos encarar. Mas, e se eu te disser que abraçar essa sombra pode ser libertador? Vamos explorar juntas como isso é possível e por que vale a pena mergulhar nessa jornada.
O que é a sombra, afinal?
A sombra é a representante dos aspectos reprimidos e ocultos da nossa personalidade. São os desejos, emoções e características que tendemos a negar em nós mesmas, muitas vezes porque a sociedade os considera inaceitáveis ou inapropriados. Ou seja, é aquela caixa que insistimos em deixar bem lá no fundo do armário, com todas as coisas que não queremos mostrar: medos, inseguranças, raiva, ciúmes, desejos "proibidos" e até talentos que deixamos de lado porque alguém um dia nos disse que não eram adequados.
Por que é tão difícil encarar a sombra?
Vamos combinar: ninguém gosta de admitir que tem um lado “cruel ou feio", não é mesmo? A sociedade nos ensina desde cedo que certas emoções e comportamentos são inaceitáveis. Raiva? Não pode. Inveja? Que vergonha! Medo? Sinal de fraqueza. E assim, vamos empurrando essas partes para o fundo do baú, como se fingir que elas não existissem fosse a solução.
Só que, adivinha? A sombra não desaparece. Ela aparece de formas indiretas por meio das projeções, ou seja, quando você critica e/ou julga nos outros o que não quer ver em si mesma, em autocobranças excessivas ou até em comportamentos autossabotadores.
A coragem de reconhecer a própria sombra
Reconhecer a sombra não é sobre se culpar ou se punir, mas sobre se entender. É um ato de amor-próprio. Quando você olha para aquilo que rejeita em si mesma, você começa a se libertar do controle que essas partes têm sobre você.
Para Jung “O encontro consigo mesmo significa, antes de mais nada, o encontro com a própria sombra”. Ou seja, para alcançar a individuação (o caminho para se tornar quem você realmente é), é preciso integrar todos os aspectos da sua personalidade, inclusive os sombrios. E acredite: quando você faz as pazes com a sua sombra, a vida fica mais leve e autêntica.
Mas como lidar com esse lado sombrio que tanto nos assusta?
Auto-observação sem julgamento:
Comece prestando atenção aos seus sentimentos e reações. Quando algo te incomoda muito nos outros, pergunte-se: "Será que isso também existe em mim?" Lembre-se: não é sobre se criticar, mas sobre se entender.
Diário das sombras:
Escreva sobre aquilo que você não gosta em si mesma. Colocar no papel ajuda a tirar o peso emocional e ver as coisas com mais clareza.
Tome um café (ou chá) com sua sombra.
Imagine sua sombra como uma pessoa. Converse com ela, pergunte o que ela quer te mostrar. Pode parecer estranho, mas essa técnica ajuda a integrar aspectos reprimidos.
Terapia:
Um processo terapêutico, especialmente com base na psicologia analítica, pode ser um grande aliado nessa jornada. Ter alguém para te guiar e acolher nesse processo faz toda a diferença.
Autocompaixão:
Lembre-se de que todos temos um lado sombrio. Não se cobre por sentir ou pensar coisas que você considera "erradas". A sombra faz parte do que nos torna humanos.
Reconhecer a própria sombra é um ato de coragem, de amor e de respeito por si mesma. Quando você decide encarar o que há de mais obscuro dentro de você, abre espaço para uma vida mais plena e verdadeira. E, no fim das contas, é isso que todos buscamos: ser quem somos, sem medo, sem máscaras, sem culpa.
Então, que tal começar hoje? Respire fundo, olhe para dentro e dê as boas-vindas à sua sombra. Ela tem muito a te ensinar.
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